A formação e atuação profissional do gestor de cooperativas: comunicação e dialogicidade


 

Comentários

  1. GEAN CARLO SOARES CAPINAN

    Parabéns professora Geusa, pela excelente fala aqui realizada. Pois é professora, em toda minha graduação o único contato que tive com Paulo Freire foi por meio da sua obra, Extensão ou comunicação e percebi que em todo o curso a Extensão Rural sempre foi , e acredito que continua sendo, negligenciada pelas instituições, sendo um Componente que coloca o aluno frente à realidade do outro, e por meio desse contato ele começa a criar a sua concepção sobre a sua atuação para com o outro. Neste sentido, como a Sra. avalia a atuação das intituições, no sentido de mobilizar os aluos para um olhar diferenciado para relaidade e com isso ter uma atuação mais humanizada?

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    1. Olá, Gean!

      Obrigada pelo comentário! Bom “ver” você por aqui!

      Infelizmente, fomos e ainda somos muitas vezes educados com base no modelo de educação convencional e, algumas vezes, levamos isso à nossa atuação profissional. O desenvolvimento do trabalho com base na comunicação, no diálogo e na interação dos saberes perpassa, inicialmente, pela compreensão do sujeito sobre a importância e o diferencial que tem esse processo de interação na sua prática profissional. Por tanto, a capacitação, o conhecimento, as leituras de diversas obras e autores que defendem essa prática são fundamentais. As Instituições de Ensino têm papel chave nesse processo. Contudo, ainda temos muitas instituições e professores que propagam o modelo convencional de educação, o que vai refletir na forma de atuação futura dos profissionais por elas formados. A mudança nesse sentido é lenta e gradativa, mas, embora ainda não de modo ideal, temos em diversas instituições professores empenhados por tal causa, pela valorização dos saberes, pelo desenvolvimento de uma educação baseada na comunicação, que realizam ótimos projetos de extensão e que contribuem grandemente para a formação dos estudantes. Então, acredito que é papel da IEs fomentarem esse debate, incorporar e incentivar um ensino dialógico, mas, sabemos que isso não será homogêneo em nenhuma instituição (ou quase nenhuma). Assim, que cada profissional, reconhecendo a importância e necessidade desse modelo de educação, possa fazer a diferença em sua atuação e contribuir para a formação de profissionais mais humanos e conscientes de que, não é nosso papel estender nossos conhecimentos às pessoas com as quais a gente interage/trabalha, mas sim construir com eles a partir da interação dos saberes, do diálogo e da escuta. Uma educação humanizada requer práticas humanizadas, e a humanização das nossas práticas pressupõe o entendimento/reconhecimento do outro enquanto sujeito e não como objeto da nossa ação.

      Abraços,
      Geusa

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    2. Pois é, e continuemos ocnstuindo e buscando uma educação emancipadora e empoderadora sempre! Abraço.

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  2. Parabéns professora Geusa pela abordagem de um tema de extrema relevância para o profissional Gestor de
    Cooperativas. Qual sua opinião em relação as práticas assistencialistas que são retratadas como extencionistas? Pode citar exemplos?(Maria Auxiliadora Freitas dos Santos)

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    1. Olá, professora Maria Auxiliadora!

      Obrigada pelo comentário!

      Você toca em uma questão muito importante e que precisa de muita atenção. Não devemos confundir ação extensionista com assistencialismo e vice versa. Contudo, a depender da forma como a extensão é realizada, esse limiar é muito pequeno. É preciso cuidado!
      Tomando como base os ensinamentos de Paulo Freire, sabemos que a educação, para ser libertária, necessita acontecer de modo a não criar dependência dos sujeitos com relação ao agente externo. Assim, a ação extensionista deve ser pautada em uma relação dialógica-comunicativa entre os sujeitos envolvidos no processo, tendo ciência que o sujeito externo, em determinado momento, sairá da comunidade, mas as pessoas que são da comunidade continuarão lá. Assim, a apropriação da ação ou trabalho realizado é fundamental para a comunidade. É o exercitar do “fazer com” em detrimento do “fazer para”.
      Já o assistencialismo (paternalismo), muitas vezes, propositalmente ou não, contribui para criação de uma relação de dependência, de espera e passividade. Fatores presentes na ação antidialógica e que contribui para a dominação, opressão, manipulação e invasão cultural. E, nas palavras de Paulo Freire: “é precisamente quando - às grandes maiorias - se proíbe o direito de participarem como sujeitos da história que elas se encontram dominadas e alienadas”.
      Um bom exemplo de ação assistencialista tratada como extensionista pode ser a atuação de um técnico que, ao trabalhar com uma comunidade na realização de projetos durante um determinado período. Esse técnico detêm o conhecimento técnico e durante toda a sua atuação constrói sozinho esses projetos e as ações necessárias. Não há um diálogo com a comunidade, a comunidade não aprende a fazer, já que esse alguém ficou encarregado e faz isso sozinho. Contudo, em determinado momento, essa pessoa vai embora, sua atuação na comunidade acaba. E, a comunidade continua não sabendo realizar aquilo que poderia ter aprendido com esse sujeito enquanto ele esteve presente na comunidade, caso o processo de construção fosse dialógico-comunicativo.
      Espero ter te respondido!

      Abraços,
      Geusa

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  3. Parabéns professora Geusa, sua fala mim alegre em saber que estou no caminho certo. E saber que bem antes de entrar no curso ja trilhava na Gestão de Cooperação é bem gratificante pra mim.

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    1. Olá,

      Obrigada pelo comentário!

      Você esqueceu de assinar. Que você continue trilhando seu caminho, e que sejamos sempre sementes do esperançar.

      Abraços,
      Geusa

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  4. Olá Geusa! Parabéns pela conferência! ​Obrigada por compartilhar cada experiência e conhecimento.
    O cooperativismo enfrenta desafios e ao mesmo tempo oportunidades, neste momento de pandemia. Na sua opinião, como/de que forma as boas práticas de comunicação podem ajudar, nesse momento, para produzir resultados significativos?

    Letícia Caribé Batista Reis

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    1. Olá, professora Letícia.

      Obrigada pelo comentário!

      Sim. A nova realidade imposta traz ao cooperativismo muitos desafios, mas dos desafios também podem surgir muitas oportunidades. As cooperativas precisam se reinventar, e, nesse momento, a cooperação entre os cooperados e a intercooperação entre as cooperativas são tão ou ainda mais importantes que em tempos “normais”.
      Com a nova realidade imposta pela pandemia, muitas cooperativas tiveram grandes prejuízos, uma vez que muitos espaços antes utilizados por elas, por exemplo, para comercialização foram fechados em virtude da necessidade de distanciamento social (Feiras de Economia Solidária, espaços de comercialização coletivo, feiras municipais, dentre outros). A nova realidade então, impôs a necessidade de adaptação ao contexto. E, nesse momento, as estratégias de comunicação são ainda mais importantes para ajudar os empreendimentos a superar os desafios postos.
      Para auxiliar nesse sentido, as mídias sociais figuram como um importante canal que pode diminuir a distância entre os empreendimentos, os clientes e os próprios cooperados. As vendas on-line, mais que uma oportunidade, tornam-se uma necessidade.
      Contudo, sabemos também que muitos empreendimentos ainda possuem dificuldade de acesso às tecnologias digitais, à internet e, algumas vezes, ainda que possuam o acesso à internet e aos equipamentos, não possuem o conhecimento necessário para utilizar essas tecnologias.
      Assim, é necessário um olhar mais atento e direcionado às cooperativas que, mais que nunca, necessitam de políticas públicas, de apoio e de assistência técnica. O apoio governamental (em suas diferentes instâncias) é fundamental para que as cooperativas, associações, grupos informais e organizações coletivas de modo geral obtenham melhores resultados e possam superar esse momento tão complicado.

      Espero ter te respondido!

      Abraços,
      Geusa

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    2. Totalmente contemplada com a sua resposta! Obrigada! Parabéns!!

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  5. Parabéns, Geusa! Excelente debate.
    É muito importante falar do Cooperativismo, principalmente para o Campus Serrinha, transparecer para os alunos a essência e o seu valor simbólico, para motivá-los na caminhada, em especial no momento atual que vivemos.
    Como você acha que o cooperativismo pode contribuir de forma enriquecedora no desenvolvimento da região?
    Maria Erenita de Amorim Coelho

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    1. Olá, professora Erenita.

      Obrigada pelo comentário!

      Sim, a cooperação é uma das mais importantes estratégias de enfrentamento de problemas comuns, em especial, se tratando de momentos de crises. E, o modelo de organização cooperativa figura-se como uma importante ferramenta de desenvolvimento que pode contribuir para a melhoria da condição socioeconômica de diversas populações, sobretudo, as mais vulneráveis. Assim precisamos, sempre e cada vez mais, falar e difundir esse modelo de organização tão importante e necessário para o desenvolvimento do país.
      Se tratando do Território do Sisal, que é palco de diversas formas de organização social e ao longo de sua trajetória histórica, tem encontrado no cooperativismo e no associativismo subsídios para o enfrentamento de vários dilemas comuns, tais como os problemas relacionados ao cultivo/beneficiamento do sisal, às questões fundiárias, à convivência com a seca, dentre outros, esse tema se torna ainda mais relevante. Assim, o cooperativismo vem, ao longo dos anos, contribuindo de modo significativo para o desenvolvimento desse Território, mas claro, pode contribuir ainda mais.
      Para que essas organizações possam se fortalecer e contribuir cada vez mais para o desenvolvimento dessa região, é necessário visibilidade e incentivo a esse modelo de organização. Para tanto, as políticas públicas são fundamentais. Além disso, as diversas instituições presentes no Território também têm papel importante nesse sentido. Destaco aqui a atuação do IF Baiano Campus Serrinha, o qual já vem desenvolvendo diversas ações de ensino, pesquisa e extensão que contribui e poderá contribuir cada vez mais para o desenvolvimento regional.
      O fato de ter um curso de Gestão de Cooperativas aqui no Território também é um ponto muito positivo para a região, pois ajuda a dar visibilidade ao cooperativismo. Além disso, esse curso capacita pessoas do Território, as quais vivenciam e conhecem a sua realidade, e que poderão atuar nessas organizações e contribuir para o seu melhor desempenho, promovendo o fortalecimento institucional e seu crescimento econômico e, consequentemente, trazendo melhorias sociais para as populações do Território como um todo.
      Espero ter respondido de forma satisfatória! Que esse diálogo possa crescer e se fortalecer nas distintas organizações e espaços do Território.

      Abraços,
      Geusa

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  6. Parabéns Professora Geusa!! Muito pertinente o seu debate.
    Liz Leal Mota Capisttrano

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    1. Olá, Liz!

      Muito obrigada por assistir e por seu comentário!

      Abraços,
      Geusa

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  7. Oi Geusa!! Parabéns pela conferência! Importante ouvir suas palavras a respeito do gestor de cooperativas, profissional tão essencial para a realidade das cooperativas. Você reforçou a necessidade de que o gestor da cooperativa não pense as comunidades como passivas e como objetos, para onde devem levar seus conhecimentos sem considerar os saberes advindos da realidade das pessoas residentes ali. Assim, no diálogo e na troca de saberes é que se constituiria o trabalho do gestor. No trabalho com os estudantes do curso de Tecnologia em Gestão de Cooperativas, quais práticas e ações desenvolvidas contribuem para que ocorra essa troca de saberes e não haja uma invasão cultural nessas comunidades? Poderia citar algum projeto já desenvolvido com os estudantes nesse sentido? Abraços, Eliane Silva de Queiroz

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    1. Olá, Eliane!

      Obrigada por seu comentário!

      A realização de uma comunicação dialógica e que considere a realidade das comunidades com as quais o gestor de cooperativas esteja trabalhando é fundamental a nossa prática. Desse modo, considerando a deficiência que temos em nossa formação de base, a qual, na maioria das vezes, se dá por meio de uma educação antidialógica, a formação desse profissional exige ainda mais que essa discussão seja realizada. Assim, tanto as teorias pertinentes quanto as ações práticas são fundamentais. Um bom profissional dessa área precisa compreender que, conforme Freire, o “nosso papel não é falar ao povo sobre a nossa visão de mundo, ou tentar impô-la a ele, mas dialogar com ele sobre a sua e a nossa”, para tanto, é preciso comunicar em vez de estender os nossos conhecimentos, evitando incorrer no erro da invasão cultural.
      No processo de formação desse profissional o trabalho e a forma de condução do professor (a) é de fundamental importância. E, para além das teorias, ações tais como: dia de campo, visitas técnicas, projetos de extensão que permita uma interação direta com as comunidades são muito importantes. Esses espaços/ações permitirão que os estudantes observem, interajam, dialoguem e aprendam, a partir da vivência, sobre as teorias trabalhadas em sala e a sua importância prática. Além das ações individuais desenvolvidas pelo professor (a), as incubadoras, os núcleos e os distintos espaços e projetos que permitam esse contato mais direto com as comunidades contribuem grandemente para a formação desse profissional e para a sua compreensão a respeito da importância dos distintos saberes.
      Infelizmente, por conta da pandemia, muitas ações que haviam sido planejadas não aconteceram (ainda). Desse modo, por ser nova aqui no IF, não tive a chance de trabalhar com os estudantes muito além da teoria. Mas, diversas ações já vêm sendo desenvolvidas na instituição nesse sentido, os Projetos Integradores são um bom exemplo a ser citado.

      Espero ter te respondido!

      Abraços,
      Geusa

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  8. Geusa, parabéns pela sua explanação. A partir da sua fala pude conhecer um pouco mais sobre a atuação do profissional de cooperativas. Bom saber que existem profissionais competentes e dedicados como você ajudando a fortalecer uma área tão importante no Território do Sisal. (Maria Aparecida Brito Oliveira)

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    1. Olá, Cida!

      Muito obrigada por seu comentário!

      Muito honrada de fazer parte de um time tão competente como o nosso do campus Serrinha. Bom poder, de alguma forma, contribuir para o fortalecimento do cooperativismo aqui no Território do Sisal.

      Abraços,
      Geusa

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  9. Parabéns! Temática muito interessante.
    Sua fala esclareceu muito bem os encargos de um gestor diante de uma comunidade.
    Pois Freire, fala muito da realidade regional. Como você disse conhecer a realidade e as necessidades. Antes de tudo ele dizia, que é, preciso realizar a leitura do mundo que o rodeia. Para verificar o que realmente eles necessitam e os interessam. Não de deve impor e sim o que será relevante para eles. Unindo os estudos e técnicas com as necessidades da comunidade.
    Ilza Alves Pacheco
    Campo Grande/MS


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    1. Olá, Ilza!

      Obrigada por seu comentário!

      Sim, sempre muito importante conhecer a considerar a visão de mundo das comunidades e, a partir dessa visão, em interação com a nossa, desenvolver o nosso trabalho com elas - aliando o saber científico e o saber popular. A interação dos saberes é fundamental a nossa atuação profissional!

      Abraços,
      Geusa

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  10. Ana Maria Anunciação da Silva29 de setembro de 2020 às 15:34

    Parabéns, Professora Geusa. Sua fala é potente, seu diálogo pautado no legado Freiriano foi excelente. Viva a extensão e a comunicação.

    Abraços
    Ana Maria Anunciação.

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    1. Olá, Ana!

      Obrigada por assistir e por seu comentário!
      Sigamos aprendendo cada vez mais com esse legado imenso que Paulo Freire nos deixou!

      Abraços,
      Geusa

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