A Economia Solidária na Educação Profissional e Tecnológica: diálogos com Paulo Freire


 

Comentários

  1. Olá, amigo!

    Quero parabenizá-lo pelo relato, muito pertinente.

    Você acha que a economia solidária pode mudar o perfil do nosso país, contribuindo para um avanço tecnológico?

    Maria Erenita de Amorim Coelho

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    1. Muito obrigado por contribuir para o debate! Paul Singer (2002) defende que "a Economia Solidária é ou poderá ser mais do que mera resposta à incapacidade do capitalismo de integrar em sua economia todos os membros da sociedade" ao mesmo tempo as organizações solidárias dispõem de plena capacidade de oferecer "aos mercados produtos ou serviços melhores em termos de preço e/ou qualidade". Muitas das possibilidades que compõem o âmbito da economia solidária necessita, fundamentalmente, de estreitar cada vez mais elos entre a Educação (humana e emancipatória), o Estado e a Sociedade. Neste sentido, penso que as organizações solidárias, a partir das conexões supracitadas, podem contribuir para avanços não só no campo tecnológico, mas em todas as demais áreas da sociedade como dialogadas na apresentação. Através dos princípios da economia solidária o setor tecnológico é pensado de forma que este se adapte à sociedade, aos indivíduos e à natureza e não ao contrário. São possibilidades possíveis para mitigar os desafios das sociedades contemporâneas. Espero ter respondido! Forte abraço!
      Marcio Caetano Lopes

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  2. Olá. Muito interessante o seu recado. Os questionamentos colocados no percurso são estimuladores da reflexão, principalmente para nós que atuamos na Economia Solidária pelos Institutos Federais. Em uma pesquisa recente constatei diversos desafios presentes no cotidiano dos empreendimentos, desde questões técnicas, financeiras etc. Mas, me chamou a atenção o desafio de constituir a identidade de ser ES, ou seja, conhecer seus princípios,entender o diferencial que é ser da ES e colocar em prática. Os princípios estão presentes na sua fala e, destaco um deles: a valorização do aprendizado e formação permanente. Acredito, inclusive, que para entender os demais princípios é preciso fomentar esse. Mas não uma educação qualquer, mas baseada na pedagogia acessível esse público, que acredito ser via a educação popular.

    Tatiana Losano de Abreu

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    1. Olá, Tatiana! Parabéns pelo comentário e por desenvolver pesquisas na área. De fato, ainda se percebe práticas no campo da ES como espaços de reprodução própria de organizações capitalistas. É neste sentido que alerto para a profunda necessidade de estreitar cada vez mais laços entre a ES e a formação profissional e tecnológica, por exemplo, uma vez que esta "troca" possibilita múltiplas conexões pedagógicas, sociais, culturais e políticas que estão centradas, sobretudo, em importantes arranjos que (re)criam e estreitam melhor estas compreensões sobre a ES e os espaços que estes agentes ocupam. Importa destacar ainda a necessidade de incutir o tema da ES nos currículos e no processo formativo a fim de fortalecermos ainda mais as possibilidades para esta "outra economia", "outro fazer" e "outro aprender". Abraço!

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    2. Olá Márcio. Verdade! Temos que fortalecer a ES fora dos muros da escola mas pauta-la dentro de sala de aula, para os futuros trabalhadores e trabalhadoras
      Abs.

      Tatiana Losano de Abreu

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  3. Oi Márcio, parabéns por sua fala e por colocar o pensamento de Freire como central nesse processo de repensar nossa sociedade atual. Tenho duas questões que acho sensíveis no momento de pensar a Educação Profissional em uma lógica mais humanizante: a primeira delas é lidar com a questão do empreendedorismo como estratégia de produção que nega o trabalho e a consciência de classe como trabalhador. A segunda questão, a perspectiva de um trabalho cada dia mais individualista, personalista e globalizante, que nega a cultura e o conhecimento local em detrimento do global. Dessa forma, percebo que a lógica da Economia Solidária tem muito a contribuir para a construção de um mundo mais solidário. Grata por suas palavras!

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    1. Olá, prof.ª Neyla, excelentes reflexões! Agradeço por elas!
      De fato as relações dos indivíduos e das instituições nos espaços que ocupam estão, em grande medida, intimamente relacionada com práticas ainda adormecidas entre “ser” e “pertencer”. O que se percebe é a reprodução de cotidianos centrados na negação do lugar (espaço físico e imaterial) e do trabalho coletivo (práticas reciprocitárias e humanizadas). Estas são engrenagens imprescindíveis para pensar o território, o lugar e o povo. Sim, precisamos agir localmente e, permita-me, pensar globalmente, fazendo uma referência da necessidade de transformações (e percepções) necessárias no mundo partindo dos territórios e não ao contrário, onde os sujeitos e as organizações locais são agentes e protagonistas da mudança.
      Abraços!

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  4. Professor Márcio, parabéns pela conferência! Muito sábias suas palavras. Essa discussão sobre economia solidária é muito interessante, principalmente quando consideramos a forma diferente de ver o trabalho, para além da lógica opressora do capital. Tendo em vista o quão enraizadas estão as práticas capitalistas de trabalho no nosso cotidiano e muitas vezes no nosso agir, quais práticas educativas são desenvolvidas em sala que podem fomentar nos estudantes essa reflexão sobre o trabalho acima dos valores econômicos e da alienação? Você poderia citar exemplos de projetos, ações e atividades já desenvolvidas que promovem a discussão sobre economia solidária e quais as reflexões dos/as estudantes sobre essa realidade? Abraços, Eliane Silva de Queiroz

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    1. Olá, Eliane, é um prazer tê-la aqui! Obrigado pelas contribuições.
      A Economia Solidária é uma prática multi e interdisciplinar e, diante disso, as possibilidades de intervenções pedagógicas são imensas a partir deste tema. Penso que nesse conjunto de possibilidades precisamos estar atentos(as) sobre aquilo que se ensina e aprende. Sem dúvidas as atividades práticas são imprescindíveis para promover essa reflexão nos estudantes, as experiências e convívios com organizações que estão imersas neste modelo de economia. Propor experiências que exercitem a troca, a partilha, a construção coletiva do outros “pensares”, também se mostram estratégias exitosas para o aprendizado coletivo, pois, a partir disso, parte destes grupos conseguem enxergar que o exercício do trabalho parte do princípio educativo e que este processo está além dos valores meramente econômicos. Entre alguns dos exemplos de projetos no âmbito da economia solidária, podemos pensar nas ações voltadas à pesquisa e extensão que se mostram práticas instigantes para voltar o olhar dos estudantes para a área. Recentemente desenvolvemos um projeto de extensão em parceria com a UFRB, onde os estudantes puderam viajar pelo estado para aplicarem pesquisas e conhecer empreendimentos da economia solidária que estão sob as mais diversas realidades dos territórios baianos e as reflexões normalmente estão centradas nos desafios destes empreendimentos solidários, mas fundamentalmente, nas histórias inspiradoras que estes lugares e estes povos emanam.

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  5. Olá professor Marcio! Como vai? Parabéns! Gostei muito do tema. A economia solidária é um sonho do qual os trabalhadores(as) estão na luta em busca de cada dia poder concretizá-la. Comer um produto fresquinho e sem veneno trazido da roça e do quintal da casa dos agricultores, não tem dinheiro que pague. Nessa pandemia como exemplifica, trago presente, as verduras plantadas na roça dos assentados que tem cisterna de produção e que vem vender em nossas casas por um preço que é bom para eles e para nós. Onde o melhor é saber o que estamos comendo.

    Maria Helena Brito de Almeida

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    1. Olá, Helena! Vou bem e você? Fantástica a sua relação do tema com o campo. São nessas experiências que percebemos que a Economia Solidária se faz presente: comércio justo e solidário (e sustentável)! A agricultura familiar é uma categoria social muito importante para a alimentação, para a vida das pessoas e para a biodiversidade. A economia solidária é uma forma importante para estes grupos sociais interagirem e promoverem sua reprodução socioeconômica, pois, é neste contexto de solidariedade que podemos perceber a valorização destes grupos e a pluralidade de oportunidades que estão presentes entre a Economia solidária e a agricultura familiar. Ademais, a economia solidária é um importante "instrumento" para estimular sistemas alimentares mais sustentáveis. Abraço, Helena!

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  6. Parabéns Professor pela contribuição nesta conferência.
    Como pensar em um processo formativo libertador, pensando uma educação amparada no trabalho, ciência, cultura e tecnologia (politecnia) dentro de uma educação profissional que ainda está presa as praticas conservadoras e capitalista, onde a 'ideário profissionalizante' ( treinamento de mão-de-obra para o mercado de trabalho) é assumido pelos entes que de fato executam a educação ( educadores, Instituições)? Isto faz com que exista uma distancia entre o que é concebido e o que é vivido.

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  7. Parabéns Professor pela contribuição nesta conferência.
    Como pensar em um processo formativo libertador, pensando uma educação amparada no trabalho, ciência, cultura e tecnologia (politecnia) dentro de uma educação profissional que ainda está presa as praticas conservadoras e capitalista, onde a 'ideário profissionalizante' ( treinamento de mão-de-obra para o mercado de trabalho) é assumido pelos entes que de fato executam a educação ( educadores, Instituições)? Isto faz com que exista uma distancia entre o que é concebido e o que é vivido.

    Adilton Silva Gomes

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    1. Olá, Adilton! Sua pergunta é instigante e nos remete a pensar o quanto ainda precisamos caminhar para fortalecer os verdadeiros ideais da educação profissional e tecnológica que ainda é concebida como um mecanismo de submissão ao capital e ao "mercado de trabalho". Penso que o processo formativo deverá assegurar, como defendi na conferência, mudanças nos currículos e nas práticas pedagógicas. A temática da economia solidária propõe, em larga medida, que o processo formativo dos sujeitos da EPT esteja pautado nas concepções de emancipação e no estímulo a outros horizontes nesta relação entre o trabalho e a formação. Precisamos ocupar espaços públicos/políticos no sentido de fortalecermos e pautarmos estratégias em torno deste debate e a fim de consolidarmos, cada vez mais, a importância do processo formativo "libertador" na EPT. Abraço!

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  8. Marcio, parabéns pela valiosa contribuição! Sua fala me remete o tempo todo as histórias de vida/luta dos povos, comunidades e organizações do Território do Sisal. Bom te ouvir e saber que tem contribuído com a formação de muitos sujeitos do território. Parabens! (Maria Aparecida Brito Oliveira)

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    1. Cida, querida! Bom tê-la por aqui! As vivências vão nos mostrando a importância do território para este povo e, consequentemente, o valor que a Educação tem para este Território! Digo: mais aprendemos que ensinamos com este povo! Que possamos fazer valer o nosso propósito neste lugar e a nossa função social enquanto educador@s! Sigamos! Forte abraço!

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  9. Ana Maria Anunciação da Silva29 de setembro de 2020 às 18:32

    Parabéns! Acredito ter aprendido a Economia Solidária aqui na roça, desde quando trocávamos as sementes, partilhávamos alimentos, na bata de feijão, capina e outros. Depois ingressei na organização de Grupos Produtivos, beneficiando a agricultura familiar.

    Uma outra economia é possível, sob o viés justo, econômico e solidário.



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    1. Olá, Ana!!! Muito bom! É fantástica mesmo essa relação da agricultura familiar com a economia solidária. Penso que é o sentido... setores e vidas que se comunicam!
      Abraço!

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  10. Prezado Márcio, participei anteriormente do fórum, mas estranhamente minha participação não foi registrada!

    Quero dizer como é bom ouvi-lo! Obrigada pelas reflexões levantadas e todo conhecimento repassado!

    Que a Economia Solidária possa ser abordada e inserida cada vez mais em nossos processos Educativos/formativos, possibilitando o protagonismo dos nossos Estudantes e apropriação de suas próprias histórias!

    Que nossos agricultores familiares resistam, reafirmando a valorização territorial e a busca por sistemas agroalimentares cada vez mais sustentáveis... possibilitando ainda o acesso a alimentos mais saudáveis, alimentos de verdade, com cores e sabores que nos abraçam e nos forneçam vida e saudabilidade!

    Forte abraço!

    Adrielle Souza Leão Macêdo

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    1. Olá, Adrielle! Que bom vê-la por aqui! :)

      Suas palavras me inspiram a pensar ainda mais nesses horizontes! Sim, a Economia Solidária precisa cada vez mais fazer parte do nosso cotidiano e que os sistemas alimentares sustentáveis façam parte desta caminhada. Não vejo alternativas possíveis a não ser por esse começo: Educação, Economia Solidária e Sistemas Alimentares mais sustentáveis. São estes sistemas que conseguirão prover saúde, renda, educação, biodiversidade e avanços para uma sociedade cada vez mais "plasmada" em seus territórios! Sigamos aprendendo!

      Forte abraço!

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